Debate HOJE entre Kamala e Trump é o mais importante em 60 anos

Debate HOJE entre Kamala e Trump é o mais importante em 60 anos

Na terça-feira (10/9), às 21h, horário local, os candidatos à Presidência dos EUA, a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump, subirão aos púlpitos do estúdio da ABC News, na Filadélfia, para o aguardado segundo debate televisivo da campanha de 2024. Será o primeiro encontro cara a cara entre os dois desde o início da corrida eleitoral de novembro.

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Fonte: BBC – Londres

Ambos estarão munidos apenas de papel, caneta e água para um confronto considerado decisivo por muitos analistas. O impacto do primeiro debate foi tão grande que resultou na retirada do atual presidente, Joe Biden, da corrida pela reeleição. Analistas políticos comparam a relevância dos debates deste ano com os de 1960, quando John F. Kennedy superou Richard Nixon em uma disputa amplamente influenciada pela televisão.

Aaron Kall, diretor de Debates da Michigan University, ressaltou à BBC News Brasil que a eleição atual pode ser comparada à de 1960 em termos de importância dos debates, visto que a margem de votos entre os candidatos é esperada ser muito pequena. Segundo ele, Kamala Harris tem uma campanha extremamente curta, com apenas 107 dias para conquistar o eleitorado, após a saída de Biden.

Mais de 51 milhões de espectadores acompanharam o debate em que Biden se mostrou frágil e desarticulado, levando à pressão dentro do partido para que ele desistisse da reeleição. Agora, Kamala Harris precisa usar o debate contra Trump como uma oportunidade crucial para se conectar com o eleitorado e aumentar sua preferência, especialmente em um cenário onde sua agenda de viagens é limitada.

Michael Cornfield, especialista em campanhas políticas da George Washington University, observa que, historicamente, os debates têm impacto mínimo na conquista de votos. No entanto, ele reconhece que o debate entre Harris e Trump será diferente, dado o contexto excepcional. Por isso, Harris tem evitado qualquer alteração nas regras já estabelecidas, como o desligamento do microfone do oponente, algo que a equipe de Trump ameaçou usar como motivo para abandonar o confronto.

Com a votação antecipada já iniciada em alguns estados e poucos eventos capazes de atrair grande audiência antes das eleições, Kall acredita que este debate pode quebrar recordes de audiência, sendo vital para que Harris explique suas propostas e se posicione de forma convincente diante de uma plateia bipartidária.

Kamala Harris e o Republicano Donald Trump

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Embora o ditado político sugira que é improvável ganhar uma grande quantidade de votos por uma boa performance em um debate de TV, os exemplos de Nixon, em 1960, e de Biden, em 2024, demonstram que os riscos podem ser enormes.

Pesquisas realizadas após o último debate entre Trump e Biden, em junho, antes da retirada do presidente da corrida, indicaram que Trump abriu uma vantagem de até 5 pontos percentuais em estados-chave como Pensilvânia e Michigan. “Tanto Harris quanto Trump têm muito a perder se seus desempenhos não forem bons”, comenta Michael Cornfield.

Cornfield também destaca que os efeitos do debate vão além dos 90 minutos de transmissão. “Os trechos do debate reverberam nas redes sociais por dias ou até semanas, consolidando votos ou enfraquecendo os candidatos. Por isso, vemos ambas as campanhas se esforçando para definir as regras, os temas e quem fará as perguntas, garantindo assim um bom material para o pós-debate”, explica ele.

Ainda assim, a campanha de Harris aposta fortemente nos debates, não só por causa do tempo limitado de campanha corpo a corpo da candidata. Entre os democratas, a mensagem é de que o confronto de ideias está no DNA de Harris, devido à sua carreira profissional. “Harris foi promotora e procuradora-geral da Califórnia. O debate é sua arena natural, ela estava acostumada a isso ao levar réus ao tribunal”, afirmou Thomas Whalen, analista político da Boston University, à BBC News Brasil.

Nos EUA, cargos como o de procurador são definidos por voto popular. Em 2010, Harris venceu a eleição para procuradora-geral da Califórnia por uma margem estreita de 0,85%. Mesmo não sendo a favorita, segundo o New York Times, Harris garantiu sua vitória ao responder com ironia a uma crítica de seu oponente sobre acumular salário com uma pensão pública, o que viralizou. Agora, os democratas esperam que ela repita esse feito nos debates presidenciais.

Entretanto, Harris enfrentará um oponente com vasta experiência em debates. Trump, além de já ter sido apresentador de TV, participará de seu sétimo debate presidencial, um recorde na política recente americana. Ele deve confrontar Harris sobre pontos impopulares da atual administração, como a inflação e a crise migratória na fronteira com o México.

“Resta saber como ela lidará com um oponente que recorre a mentiras e insultos”, diz Whalen. Trump já fez comentários depreciativos sobre Harris, referindo-se à sua risada como “louca” e sugerindo que seu sucesso inicial na política foi fruto de um relacionamento pessoal. No último debate, segundo a BBC Verify, Trump fez várias afirmações falsas sobre Biden, incluindo alegações sobre o déficit federal e a política tributária.

Kall acredita que o maior desafio de Harris será manter a calma diante de possíveis provocações. “Ela terá a chance de corrigir as falsas afirmações de Trump, mas deve evitar parecer agressiva ou descontrolada”, afirma.

Já Trump precisará adaptar sua estratégia a uma nova oponente, após meses se concentrando em Biden. Embora tenha apelidado Biden de “Sleepy Joe” por sua idade avançada e gafes públicas, agora, aos 78 anos, Trump também enfrenta questionamentos sobre sua própria capacidade mental e física. Recentemente, em um evento em Nova York, Trump deu uma resposta considerada confusa sobre como tornar as creches mais acessíveis, e imagens de um momento em que ele parecia estar dormindo durante uma convenção viralizaram.

Kall conclui que o desafio de Trump será manter uma postura disciplinada e focada em suas políticas, sem se deixar levar por piadas e insultos que podem alienar eleitores indecisos.

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José P Maciel é Economista, Pós-graduado em Gestão de Projetos do Setor Público. Pesquisador nas áreas de Filosofia e literatura.

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